Observando a vida
Seguidamente pus-me a observar todas as opressões que se praticam sobre a face da Terra - as lágrimas dos oprimidos, sem haver ninguém que intervenha a favor deles, ao mesmo tempo que o poder se concentra do lado dos opressores.
Acho que os mortos são mais felizes do que os vivos.
E mais felizes do que uns e outros são os que ainda não nasceram e não viram todas as maldades que se praticam na Terra.
Então descobri que a força que leva basicamente os homens para o sucesso é a concorrência com o seu próximo! Mas também isto é futilidade, e uma corrida atrás do nada.
O tolo cruza os braços, não quer trabalhar, preferindo quase morrer de fome, porque está convencido de que é melhor viver com uma côdea de pão e ter descanso, do que trabalhar no duro e encher-se de cuidados, o que não tem sentido.
Observei também outra situação absurda que existe sobre a Terra. É o caso de um homem que vive absolutamente sozinho, sem filhos sem irmãos, e que mesmo assim trabalha sem descanso para enriquecer cada vez mais. A quem vai ele deixar o que tem, afinal? Por que se priva ele de tanto, agora? Esta é sem dúvida alguma uma forma errada e absurda de viver. O trabalho realizado por dois é sempre mais proveitoso. Se um cair, o outro levanta-o; se estiver sozinho ao cair, ver-se-á em grande dificuldade. E também, numa noite fria, se dois dormirem juntos, poderão aquecer-se um ao outro, mas como se aquecerá aquele que dorme só?
Duas pessoas podem melhor resistir a um ataque do que uma só. Com quantos mais fios for entrançada uma corda, tanto mais sólida será.
Vale muito mais um jovem pobre, mas sábio, do que um rei velho e insensato que recusa todo e qualquer conselho. E isso, ainda que tal jovem tenha saído da prisão para reinar ou que tenha nascido na pobreza. Toda a gente correria a ajudar um mancebo nessas condições, mesmo que fosse para usurpar o trono. Pois poder-se-á tornar o chefe de toda uma nação, e ser muito popular. No entanto as gerações seguintes não virão a ter por ele nenhum entusiasmo! Por isso, mais uma vez, tudo é superfluidade e fuga atrás do que é nada!
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